Páginas

sábado, 21 de maio de 2011

Artigo da companheira Gabriela Palombo

A Juventude não pode e não quer ser coadjuvante. Protagonismo já!

Foi com reconhecimento extremamente positivo que recebemos a notícia da criação do gabinete de gestão integrada de combate às drogas, proposto recentemente pelo juizado da Vara da Infância e Adolescência de Araraquara em conjunto com o governo municipal e sociedade civil. O trabalho participativo articulado entre os poderes, pensado e executado de forma transversal e integrada, é o que se tem de mais avançado na perspectiva da gestão pública. Tanto o é, que o PT em seu programa de governo nas eleições em 2008 já apresentava propostas de trabalho nesse sentido, com vistas não apenas ao combate à drogadição infantil e juvenil, mas nas áreas estratégicas de desenvolvimento local. Trata-se de um modelo de gestão, transversal e integrado, pensando a cidade como um todo. Assim, a proposta recém aprovada pela Câmara, ainda que com foco reduzido, merece nosso crédito. Para contribuir com esses trabalhos, trazemos à reflexão das autoridades uma falha identificada no formato proposto que, sob o nosso ponto de vista, merece ser repensado: a sub-representação da Juventude nas discussões a que se propõe o gabinete. Inicialmente criado com foco no combate ao consumo de drogas ilícitas entre crianças e adolescentes, recentemente ouvimos a notícia de que o gabinete também participará da discussão, proposta pela Câmara Municipal, de proibição a festas organizadas no formato “open bar”. Temos total acordo de que a relação entre drogas x drogas lícitas x consumo entre crianças, adolescentes e jovens deve ser pensada com seriedade pelo poder público, uma vez que a situação extrapola os limites da razoabilidade. Entretanto, não é possível avançar sem que a Juventude participe diretamente deste debate, ouvindo e sendo ouvida. Carecemos de voz nesse espaço, não há um único organismo de Juventude presente no gabinete, nem do governo nem da sociedade civil. O Conselho de Juventude, desde 2009 está desativado, uma vez que o prefeito Marcelo Barbieri não nomeou os representantes do governo para compor o COMJUVE. A Assessoria de Juventude não participa deste comitê, assim como não houve diálogo com os Centros Acadêmicos, a UMESA, juventudes partidárias, coletivos de cultura, a Atlética (uma das maiores organizadoras de festas “open bar” na cidade), juventudes religiosas, enfim, estamos, neste modelo atual, excluídos de qualquer representação. Em conseqüência, num debate de fundamental importância, a Juventude está muda. Aliás, observamos que o COMAD também está ausente no formato atual deste gabinete. Com a vitória da aprovação da PEC 138/2003 em 2010, que inclui o termo “juventude” no capítulo 227 da Constituição Federal, a Juventude passa a ser vista pelo Estado como “sujeito de direitos” sob uma perspectiva protagonista, bem diferente da visão tutelada estabelecida pelo ECA às crianças e adolescentes. Na prática, significa agir ativamente, estar em “primeiro lugar”. Portanto, não é mais razoável e se torna-se um equívoco discutir, formular e executar ações que dialogam diretamente com o cotidiano da Juventude sem sua participação direta. Baladas “open bar” e outras formas de lazer são organizadas, comercialmente, por jovens. A venda e o consumo de drogas, muitas vezes, também. Portanto, os jovens têm participação direta nessas questões, e é preciso que assumam também suas responsabilidades. E em conjunto com os demais segmentos, discutir alternativas que encontrem respostas concretas no seu cotidiano. O Mapa da Juventude aponta que, em Araraquara, enquanto 21,23% dos jovens freqüentam “casas de amigos” como primeira opção de lazer, apenas 10,06% dos jovens freqüentam “clubes e festas”. Assim, o quadro nos revela que grande parte dos jovens em Araraquara pratica o lazer e o consumo de bebida alcoólica, por exemplo, no espaço doméstico do bairro, na casa de amigos. Assim, o desafio para superar a realidade de consumo desenfreado de bebida alcoólica por parte da juventude vai muito além da restrição a festas no modelo “open bar”, conforme proposto. É preciso ter cuidado para, diante de um quadro tão complexo, adotar medidas radicais e conservadoras que, na prática, não encontrarão uma resposta positiva na realidade desses jovens. Tanto a discussão sobre as festas como o gabinete de gestão integrada são dignos de mérito. Mas a Juventude precisa participar com o respeito e protagonismo necessário e não mais como coadjuvante.

Gabriela Palombo
Secretária de Juventude do PT Araraquara
Assessoria de Juventude 2007/2008 (governo Edinho Silva/PT)

Matheus Santos: Companheira de fibra e PTista como poucos, tive o prazer de sucede-la na Secretaria de Juventude do PT de Araraquara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário